Imagem do post Tipos de esquecimento: quais existem? Por que a memória falha? Entenda!

Um dos maiores pesquisadores na área da memória, James McGaugh, da Universidade da Califórnia, publicou em um livro de 1971 que talvez o aspecto mais notável da memória é o esquecimento ¹.

Afinal, mesmo em uma população saudável, as pessoas esquecem a maior parte das informações adquiridas ao longo da vida ¹. Mas, por que existem os tipos de esquecimento?

Quais são os mecanismos do organismo que atuam no armazenamento e na expressão de memórias? Quais são as causas do esquecimento? Existe mesmo um processo do corpo que causa perda de memória? Descubra as respostas neste texto. Boa leitura!

O que é a memória?

A memória é um sistema complexo que engloba codificação, armazenamento e recuperação de informações ao longo da vida. Ela pode ser classificada de diversas formas, como visual, olfativa, auditiva, gustativa e tátil ¹.

Ela pode ser considerada uma das funções cognitivas mais difíceis produzidas pela natureza. De acordo com estudos científicos, a estrutura do sistema nervoso é alterada com o aprendizado e a retenção de novas informações ³.

Os neurônios processam uma quantidade imensa de informações, contribuindo para determinar o comportamento das pessoas, por exemplo ³.

Eles se adaptam rapidamente a estímulos externos e internos, modificando suas atividades sinápticas. Esse processo de resposta é chamado de plasticidade neural, ou seja, a capacidade dos neurônios se transformarem para atender às demandas ³.

Essas mudanças neurais que estimulam a plasticidade durante qualquer período da vida, podem ser as responsáveis pelo armazenamento da memória ³.

Como há várias etapas para a fixação da memória, é possível que, após o aprendizado ou a experiência vivida, a memória fique vulnerável a interferências ³. Para a construção de uma memória de longa duração são necessárias a expressão genética e a síntese proteica nas primeiras três a seis horas no hipocampo e também em outras regiões do cérebro ¹.

A síntese proteica no hipocampo acontece 12 horas depois da aquisição da memória, que pode persistir mais do que 48 horas. Esse processo se chama "manutenção" ou "persistência" ¹.

Se houver falha nesse processo, há o esquecimento real: a memória não volta. Como acontece, por exemplo, com alunos que estudam para provas e esquecem tudo dias depois. Mas, caso a memória do estudo seja “persistente”, o aluno se lembrará do que aprendeu durante toda a vida ¹.

A memória pode ser dividida entre curta e longa duração. E um fato bastante curioso é que ela não pode ser armazenada de forma integral. Os seres humanos são melhores na arte do esquecimento, dessa forma, acontece a abstração de informações e o estímulo da inteligência ³.

Até porque é impossível guardar todas as informações de forma minuciosa de tudo o que já vivemos. O esquecimento fisiológico é essencial para o bom funcionamento da memória: há seletividade e prioridade na hora de coletar e armazenar informações ³.

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Quais são os tipos de esquecimento?

De maneira geral, existem dois tipos de esquecimento: o esquecimento fisiológico e o esquecimento patológico. Vamos explicar melhor cada um deles!

Esquecimento fisiológico

Quem nunca se esqueceu de algo, que atire a primeira pedra, não é mesmo? O esquecimento é algo comum que acontece no cérebro. E ele é chamado de fisiológico, considerado normal em pessoas de todas as idades ³.

Há alguns motivos para isso acontecer. Um deles é a saturação da memória. Ou seja, ela pode gerar uma barreira cognitiva ao aprender algo novo ou lembrar-se de fatos mais antigos. Normalmente, a saturação elimina memórias que remetem a medo, humilhações, momentos ruins e estresse pós-traumático ¹.

A memória também é seletiva. E quanto mais as emoções estiverem relacionadas a ela, mais fácil será lembrá-la. As emoções podem melhorar a lembrança por meio da ativação da amígdala, que é um conjunto de núcleos nervosos situados no cérebro (lobos temporais) ³.

Os diversos tipos de esquecimento fisiológicos confirmam que a memória apresenta falhas e não representam 100% os eventos vividos. Porém, o esquecimento também é visto como algo positivo e vantajoso ².

Ele estimula a memória abstrata e genérica, possibilitando o desenvolvimento da própria inteligência e da função autoprotetora. Esse processo causa uma enorme economia cognitiva ².

Muitos autores determinaram diferentes tipos de esquecimento causados de maneira fisiológica, ou seja, do próprio cérebro. Vamos citar aqui as principais teorias sobre o esquecimento fisiológico ²:

  • teoria da deterioração: ela defende que há o desaparecimento dos traços de memória com a passagem do tempo. As memórias se enfraquecem e são perdidas por completo. Para ela, a memória só permanece caso seja usada, senão, será deteriorada, “use-a ou perca-a”;
  • teoria da interferência: ela acredita que o esquecimento é causado pela influência de algumas memórias sobre outras. Para ela "quanto mais anterior é o conteúdo aprendido, maior é a extensão da interferência";
  • teoria dos esquemas: essa teoria afirma que as pessoas buscam o tempo todo compreender a realidade e enquadra novas informações em um sistema conceitual, baseado nos dados já obtidos antes. Neste processo seletivo de lembrança pode acontecer perda ou distorção de memórias, causando, portanto, o esquecimento;
  • teoria da repressão: desenvolvida por Freud, ela se baseia que o esquecimento pode ser voluntário ou inconsciente, causado por situações traumáticas física e/ou emocionais. O cérebro funciona como um protetor de lembranças ruins.

Ou seja, é bastante comum o esquecimento de coisas recentes. As causas não são 100% determinadas, por isso, há diversas teorias sobre os tipos de esquecimento.

Esquecimento patológico

O problema do esquecimento pode se estender e começar a dificultar a execução de atividades diárias, por exemplo. Mas, diferente do esquecimento de coisas recentes ou do fisiológico, o esquecimento patológico tem causas definidas, como certas doenças neurodegenerativas ³.

Nesse caso, o esquecimento prejudica de forma irreversível as funções cognitivas da pessoa, como a doença de Alzheimer. Em um momento inicial, ela afeta os fatos recentes e a capacidade de adquirir novas memórias ³.

Depois, a doença evolui e atinge a memória antiga: o reconhecimento de amigos e familiares, os hábitos de vida, as habilidades e a própria identidade ³.

Mas, como saber se o esquecimento é fisiológico ou patológico? Afinal, durante o envelhecimento, há a atrofia cerebral e a deterioração da memória, que causam, por exemplo ⁴:

  • esquecimento de coisas recentes;
  • dificuldade de aprender ou de guardar novas informações;
  • repetição de números em ordem inversa;
  • lembranças tardias de algo;
  • dificuldade de narrar uma história com provável esquecimento do final.

Porém, quando o esquecimento ocorre apenas pelo envelhecimento, ele não prejudica muito o vocabulário, informações antigas, repetição de número em ordem direta e a realização de tarefas cotidianas ⁴.

Já para os casos de esquecimento patológico, especialistas chamam a atenção para alguns sintomas que indicam o aparecimento de doenças neurodegenerativas, como ⁴:

  • problemas semânticos-lexicais: esquecimento e troca de palavras constantes;
  • empobrecimento do vocabulário;
  • uso excessivo de pleonasmo (repetição de um termo ou de uma ideia para dar maior ênfase);
  • dificuldade evolutiva para interpretar metáforas, provérbios, moral de histórias e situações de humor;
  • perda de função epilinguística (reflexão sobre o texto lido ou escrito);
  • alterações fonológicas e sintáticas;
  • esquecimento frequentes de memórias recentes e mais remotas;
  • dificuldade na execução de tarefas rotineiras.

Isto é, o cérebro está em constante alteração e construção. Algumas memórias precisam ir embora para abrir espaço para as mais novas ³. Porém, é importante ficar atento à evolução dos tipos de esquecimentos para, caso seja necessário, procurar um médico especialista para dar o diagnóstico correto.

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1. BEVILAQUA, LIARM. Esquecimento das Memórias. Uma função fisiológica. Pedagogia universitária e aprendizagem 109.2. Pergher, Giovanni Kuckartz, and Lilian Milnitsky Stein. Compreendendo o esquecimento: teorias clássicas e seus fundamentos experimentais. Psicologia USP 14 (2003): 129-155.3. Dalmaz, Carla, and Carlos Alexandre Netto. A memória. Ciência e Cultura 56.1 (2004): 30-31.4. Damasceno, Benito Pereira. Envelhecimento cerebral: o problema dos limites entre o normal e o patológico. Arquivos de Neuro-psiquiatria 57.1 (1999): 78-83.