Imunidade inata e adaptativa

As imunidades inata e adaptativa fazem parte do funcionamento do nosso sistema imunológico. Elas englobam uma série de órgãos, células, moléculas e tecidos a fim de combater agentes externos prejudiciais à saúde.

A primeira funciona como a linha de frente na defesa do organismo, já a segunda desenvolve anticorpos que se adaptam à proteção que deve ser feita naquele momento¹.

Para que a imunidade funcione a pleno vapor, é necessário que haja uma conexão e uma harmonia no funcionamento de ambas. Aproveite esta leitura para conhecer melhor qual a diferença entre imunidade inata e adaptativa e como elas funcionam no envelhecimento do corpo.

O que são as imunidades inata e adaptativa?

As células do sistema imune são produzidas na medula óssea vermelha para combaterem qualquer corpo estranho que possa ser nocivo ao organismo. Para que essa proteção ocorra de forma completa, é necessário que a imunidade inata e adaptativa trabalhe em conjunto.

Entenda o que são as imunidades inata e adaptativa e como elas funcionam ao identificarem uma possível ameaça à nossa saúde. Boa leitura!

Imunidade inata 

Na linha frente no combate aos micro-organismos causadores de doenças, a imunidade inata é composta por barreiras naturais do corpo, como as físicas, químicas e biológicas, que nascem com a pessoa¹. 

Sua função imunológica é responder rapidamente aos estímulos que essa invasão causa ao corpo por meio dessas barreiras que evitam a entrada desses agentes. Elas são classificadas da seguinte forma²:

  • barreira mecânica ou física: pele e muco na cavidade vaginal e nasal e no trato respiratório que capturam os micro-organismos e ajuda a expeli-los, como em um espirro;

  • barreira biológica: flora de bactérias no intestino, na boca, na pele e na vagina;

  • barreira química: enzimas que habitam a lágrima, o suor, a saliva, a secreção nasal e o suco gástrico e contribuem para a destruição dos agentes nocivos.

As principais células que fazem parte da imunidade inata são: macrófagos, neutrófilos, células dendríticas e células Natural Killer (NK). Os neutrófilos e os macrófagos têm receptores que reconhecem esses agentes, assim como as células Natural Killer. Só que a NK também reconhece alterações causadas por tumores ou infecções virais¹.

Ou seja, o sistema de imunidade inata é a primeira resposta dada pelo organismo ao perceber um patógeno invasor. Ao entrar no corpo, ele causa uma inflamação que atrai os glóbulos brancos para destruí-lo por meio da fagocitose. Logo, o organismo reage em forma de febre, vermelhidão local, suor e dores². 

Imunidade adaptativa

Mas, qual a diferença entre imunidade inata e adaptativa? A imunidade adaptativa, também chamada de adquirida, produz anticorpos, multiplicando as células imunes para atacar e destruir qualquer substância prejudicial ao organismo². Então, ela se adapta ao notar essa invasão, aumentando o arsenal de defesa do corpo.

A imunidade adaptativa tem como principais características a especificidade da resposta, diversidade de reconhecimento, memória e tolerância a componentes do próprio organismo¹.

Ou seja, ela adquire conhecimento sobre combate a determinado vírus, fungo, bactéria ou protozoário e cria uma memória imune, arquivando as características desses agentes invasores para combatê-los nos próximos possíveis ataques². 

A imunidade adaptativa ou adquirida é acionada quando os patógenos conseguem passar pela imunidade inata. Ela, então, inicia a fabricação de células ou de proteínas (anticorpos) que se ligam ao agente e o encaminham a uma parte do corpo que ele será eliminado ou destruído.²

Em outras palavras, a imunidade adaptativa é desenvolvida após o contato com as doenças e as infecções, ela não é natural do organismo humano. Ela é aquele reforço do sistema imunológico quando a imunidade inata não possui recursos suficientes para proteger totalmente o corpo.

Logo, as infecções e outras enfermidades demoram algum tempo para começarem a melhorar, certo? São os linfócitos agindo e se multiplicando para eliminar essa doença¹.

Tipos de imunidade adaptativa

Após entender o que é imunidade inata e adaptativa, veja quais são os tipos de imunidade adaptativa que nosso corpo possui⁴:

  • imunidade celular: envolve dois tipos de células (linfócitos) que têm receptores específicos para reconhecerem e atacarem os agentes externos;

  • imunidade humoral: as células participantes da imunidade humoral reconhecem diversos micro-organismos, estimulam a multiplicação de linfócitos e produzem milhares de anticorpos, chamados de imunoglobulinas. Ela participa da reação imune nos fluidos corporais, como sangue e linfa.

O conhecimento sobre vacinação vem justamente da imunidade adaptativa ou adquirida. Logo, a vacina não provoca a doença, mas produz anticorpos que armazenam as características de determinados agentes e ficam prontos para reagir caso reconheça algum deles. Ou seja, a vacina age como prevenção¹.

Imunossenescência

O envelhecimento causa alterações no sistema imunológico de homens e mulheres. Por ser um acontecimento natural do corpo, uma das consequências é a redução progressiva da reserva funcional do organismo, conhecida como senescência⁵ .

A imunossenescência é justamente esse envelhecimento progressivo do sistema imune do corpo, que atinge, principalmente, a imunidade adaptativa. Ou seja, pessoas na meia idade ou na terceira idade estão mais vulneráveis a infecções e doenças, além de reduzirem a resposta do organismo às vacinas⁵.

Esse processo de envelhecimento do sistema imunológico envolve diversos fatores e desregula a capacidade de renovação e multiplicação das células da medula óssea⁵.

Portanto, é muito importante que pessoas acima de 50 anos cuidem de forma mais atenciosa da sua imunidade, mantendo-a alta e fortalecida.

Dessa forma, pode-se ajudar a minimizar possíveis infecções e enfermidades crônicas e latentes e melhorar a resposta imune do organismo.

Compreendeu a importância das imunidades inata e adaptativa para manter a saúde, a disposição e a qualidade de vida ao longo dos anos? Como está a resposta do seu sistema imunológico? Já consultou um médico para entender se precisa de suplementos para a fortalecer a imunidade?

Acesse mais textos sobre imunidade e entenda melhor como manter uma vida mais saudável e ativa após os 50 anos:

 

Wilson de Melo Cruvinel; Danilo Mesquita Júnior; Júlio Antônio Pereira Araújo; Tânia Tieko Takao Catelan; Alexandre Wagner Silva de Souza; Neusa Pereira da Silva; Luís Eduardo Coelho Andrade. Sistema imunitário - Parte I. Fundamentos da imunidade inata com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0482-50042010000400008. Acesso fevereiro/2022.

Portal da Harvard T.H. Chan School of Public Health. Nutrition and Immunity. Disponível em <https://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/nutrition-and-immunity/; . Acesso em fevereiro/2022.

Brasil. Ministério da Saúde. ANVISA. IN 28 de 26 de julho de 2018. Estabelece as listas de constituintes, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar dos suplementos alimentares. Disponível em: <http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34380639/do1-2018-07-27-instrucao-normativa-in-n-28-de-26-de-julho-de-2018-34380550 >. Acesso em: fevereiro/2022.

Danilo Mesquita Júnior; Júlio Antônio Pereira Araújo; Tânia Tieko Takao Catelan; Alexandre Wagner Silva de Souza; Wilson de Melo Cruvinel; Luís Eduardo Coelho Andrade; Neusa Pereira da Silva. Sistema imunitário - parte II. fundamentos da resposta imunológica mediada por linfócitos T e B. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0482-50042010000500008. Acesso fevereiro/2022.

Rosana C. Agondi, Luiz V. Rizzo, Jorge Kalil, Myrthes T. Barros. Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Imunossenescência. Rev. bras. alerg. imunopatol. 2012;35(5):169-76. Disponível em http://www.sbai.org.br/revistas/vol355/Imunossenescencia.pdf . Acesso em fevereiro/2022.