
A melatonina é amplamente utilizada ao redor do mundo para tratar casos de insônia em diversas situações, especialmente de curto prazo. Recentemente, seu uso como suplemento alimentar foi liberado no Brasil, com uma dosagem diária de até 0,21mg.
Mas será que essa dosagem de melatonina é o bastante para te ajudar a dormir? Como é classificado um composto desse hormônio que oferece uma concentração superior?
Para responder essas perguntas, vamos entender os benefícios atrelados ao seu uso e mostrar quais os cuidados necessários em relação a possíveis efeitos colaterais de consumir a melatonina em dosagem inadequada ao seu organismo.
Antes disso, vamos relembrar o que é a melatonina e para que ela serve.
O que é a melatonina?
De modo geral, a melatonina¹ é produzida naturalmente pelo cérebro, liberada no sistema nervoso para estimular a sonolência a noite, quando os olhos percebem a diminuição da luz natural e o aumento da escuridão.
Conhecida popularmente como o hormônio do sono, também pode ser encontrada em pequenas quantidades em alimentos diversos, como frutas, cereais, carnes e laticínios. Por fim, também temos a melatonina sintética, mais utilizada para produção de suplementos e medicamentos.
Para que serve o suplemento de melatonina?
Suplementos de melatonina em dosagens diversas, variando de 0,1mg a 5mg, são utilizados para aliviar distúrbios do sono de variadas intensidades, induzindo a sonolência de forma controlada e aumentando a qualidade do repouso durante a noite.
Como exemplo de casos de insônia que podem ser tratados com esse hormônio sintético, temos:
- Jet lag, mudança no ritmo do sono ao viajar por diferentes fusos horários;
- Dificuldade em dormir para trabalhadores no turno da noite;
- Distúrbios de atraso no ritmo do sono;
- Insônia de curto prazo, especialmente por conta de estresse;
- Casos generalizados de insônia.
Também é importante citar que a produção natural de melatonina pode diminuir gradativamente com a idade, fazendo com que idosos tenham mais chance de desenvolver distúrbios do sono por conta desse motivo.
Por outro lado, pessoas que sofrem com cegueira não tem o estímulo visual para percepção da escuridão, o que também pode estar associado a alguns casos de insônia entre esses indivíduos.
Qual a dosagem de melatonina para dormir?
Não há uma quantidade ideal de melatonina para dormir, ao menos não oficialmente. A maior probabilidade é que cada organismo reaja de maneira diferente ao hormônio, variando a concentração que faz efeito.
A dosagem de melatonina comumente administrada varia de 0,1mg a 5mg², considerando o que é prescrito no Brasil e também o que é comercializado em outros países.
Porém, é importante citar que a melatonina é capaz de causar efeitos colaterais, que podem apresentar maior intensidade se a dosagem estiver acima do recomendado para o indivíduo em questão.
Entre esses efeitos, podemos citar dor de cabeça, falta de concentração, fadiga, sonolência e tontura, especialmente no dia seguinte a ingestão do hormônio sintético.
Qual dosagem de melatonina devo tomar?
Apesar dos efeitos colaterais, a melatonina é considerada segura e eficiente, isso porque tais reações adversas são raras. Elas acontecem com maior frequência em casos onde a dosagem de melatonina é acima do indicado, o que também não muito comum e demanda prescrição médica.
De qualquer modo, se estiver com dificuldades para dormir e houver interesse, o ideal é optar pela melatonina em baixa dosagem, aumentando gradativamente até encontrar a concentração mais satisfatória, que promove o sono de qualidade, sem causar efeitos colaterais.
Por esse motivo, o mais indicado é que o tratamento de distúrbios do sono comece com uma dosagem de melatonina de 0,1mg ou 0,21mg, que são liberados pela ANVISA³ sob a classificação de suplemento alimentar, ou seja, não precisam de receita.
A partir daí, pode-se aumentar gradativamente a dose do hormônio sintético para obter o resultado esperado, mas é necessário obter a prescrição médica e procurar uma farmácia de manipulação para produzir o medicamento.
Vale citar ainda que mesmo baixa dosagem de melatonina não deve ser consumida por gestantes, lactantes, crianças, adolescentes e pacientes como comorbidades diversas, tais como doenças renais, problemas hepáticos e condições autoimunes.
Nesses casos, o uso da melatonina para tratar distúrbios do sono demandam orientação e prescrição de um médico que está ciente do histórico de saúde do paciente.
Mesmo sob recomendação médica, é importante acompanhar os efeitos causados pela melatonina e interromper o tratamento ao perceber reações adversas.
Dosagem de melatonina: suplemento X medicamento
A melatonina recebeu aprovação da ANVISA para ser produzida e vendida no Brasil como suplemento alimentar, para isso, o consumo diário não deve ultrapassar a dose de 0,21mg.
Além disso, é preciso informar no rótulo do produto que o mesmo não é indicado para gestantes e pessoas menores de 19 anos de idade. Pacientes com comorbidades devem consultar o médico antes de consumir o suplemento.
A melatonina em dosagem acima desse limite fica então classificada como medicamento e segue a antiga recomendação, de que é necessário receita para compra.
Conclusão
Independente da dosagem da melatonina, quando ajustada ao paciente e administrada no período de uma hora a 30 minutos antes da hora de dormir, ela tem o potencial para melhorar a qualidade do sono do indivíduo, fazendo o dormir melhor e por mais tempo.
Dessa forma, mesmo em baixa dosagem de melatonina é possível aproveitar os seus benefícios, principalmente no tratamento de distúrbios relacionados a insônia e problemas de atraso do sono, seja por fatores da sua rotina ou proximidade com eventos estressantes.
Na versão de suplemento alimentar, liberada recentemente pela ANVISA, a melatonina oferece um risco muito baixo e já demonstra bons resultados.
Importante destacar que a pesquisa elaborada pela Vigilância Sanitária4 se deu para satisfazer uma crescente expectativa, tanto da indústria farmacêutica quanto do público em geral. De fato, o consumo da melatonina no Brasil não é algo novo, sendo que antes ela era importada ou adquirida em farmácias de manipulação por meio de receitas médicas.
Com a liberação, o comércio regularizado facilitou o acesso ao hormônio do sono e seus benefícios, tudo isso mantendo uma dosagem de melatonina dentro dos padrões de segurança necessários para sua utilização generalizada.
Não se esqueça de seguir as recomendações de uso e ficar atento se o suplemento de melatonina está entregando o resultado esperado. Para evitar complicações, pergunte para seu médico se o produto é indicado para seu caso antes de tomá-lo.
Para tirar mais dúvidas sobre a melatonina, possíveis efeitos colaterais, benefícios comprovados e potenciais vantagens que seguem em fase de estudo, continue ligado em nosso blog.
Referências consultadas:
1. National Center for Complementary and Integrative Health. Melatonin: What You Need To Know. NCCIH. Disponível em: https://www.nccih.nih.gov/health/melatonin-what-you-need-to-know. Acesso em dezembro/2021.
2. Vural EM, van Munster BC, de Rooij SE. Optimal dosages for melatonin supplementation therapy in older adults: a systematic review of current literature. Drugs Aging. 2014 Jun;31(6):441-51. doi: 10.1007/s40266-014-0178-0. PMID: 24802882.
3. ANVISA. Análise de informações sobre segurança e eficácia da melatonina. Junho de 2020. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/proposta-de-consulta-publica-inclui-a-melatonina-como-constituinte-autorizado/analise-da-seguranca-e-eficacia-da-melatonina_versao-para-publicacao.pdf. Acesso em dezembro/2021.
4. ANVISA [Internet]. Anvisa autoriza melatonina na forma de suplemento alimentar. 15 de outubro de 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-autoriza-a-melatonina-na-forma-de-suplemento-alimentar. Acesso em dezembro/2021.